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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Reposição com esteroides sexuais em ambos os sexos

Elaine Maria Frade Costa
Chefe da Unidade de Endocrinologia do Desenvolvimento
Divisão de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Resumo: A terapia de reposição com esteroides sexuais tem como principal objetivo, substituir a secreção endógena inadequada de hormônios sexuais. A indicação clássica da reposição de hormônios sexuais é o hipogonadismo hipo ou hipergonadotrófico em ambos os sexos, no entanto, outras indicações não convencionais estão sendo discutidas na literatura atual. Como é o caso do uso de andrógenos na mulher menopausada ou no tratamento de indivíduos transexuais.

domingo, 16 de março de 2014

Transexual que espera cirurgia sonha em ganhar flores pelo Dia da Mulher

G1
08/03/2014

Um dos maiores desejos da agente de prevenção Riany Rodrigues Sabará, de 21 anos, é ganhar uma flor no Dia Internacional da Mulher. A entrega de rosas é algo corriqueiro em ambientes de trabalho e até nas ruas durante a data, mas a jovem nunca foi presenteada. Riany é transexual e se prepara para a fazer a readequação genital, conhecida como cirurgia de troca de sexo. Apesar de se encarar como uma mulher, ela ainda enfrenta a falta de compreensão das pessoas quando o assunto é identidade de gênero.

Desde outubro de 2012, Riany sai de Piracicaba (SP), onde vive e trabalha, e vai a São Paulo (SP) todas as sextas-feiras para receber tratamento psiquiátrico e psicológico no Hospital das Clínicas pela primeira fase de preparação para a cirurgia, que ainda não tem data para acontecer. Nesta etapa, os transexuais passam por consultas e discussões em grupo sobre o desejo de realizar a cirurgia, traumas e tudo que envolve o processo de alteração dos órgãos genitais.

"Desde os 17 anos procuro maneiras de realizar a cirurgia e há dois anos consegui o tratamento, mas não tem sido fácil. Depois do período com os psicólogos, vou passar pela parte física com o uso de hormônios para interromper a produção hormonal masculina e colocar a feminina no lugar e depois virá a cirurgia", contou.

Para Riany, a cirurgia irá apenas "oficializar" a sua identidade. "Já me sinto uma mulher desde que nasci. Quando eu era pequena, olhava no espelho e não reconhecia o garoto no reflexo como sendo eu. Acho que depois da cirurgia ninguém mais vai poder me impedir de ir ao banheiro feminino, não vão usar mais o meu nome de batismo nas repartições públicas e nem dizer que não sou mulher", disse.

A mãe, segundo Riany, é uma das pessoas que mais apoia o processo que antecede a cirurgia. "Ela criticava, mas aí um dia eu falei pra ela: 'imagina se você tivesse um pênis no meio das pernas? É assim que eu me sinto.' Depois disso ela começou a me ajudar com passagem e até mesmo com dinheiro para as viagens", contou.

Riany trabalha na Organização Não-Governamental Centro de Apoio e Solidariedade à Vida (Casvi) no projeto Esquinas da Noite, que faz trabalho de prevenção com garotas de programa (travestis, transexuais, homens e mulheres). Antes da instituição, já foi faxineira e babá. Com o dinheiro das limpezas ela fez a primeira modificação corporal efetiva, quando colocou silicone nos seios.

Preconceito

O banheiro é, segundo Riany, uma das maiores "resistências" do preconceito na sociedade. Desde a época da escola, quando passou a usar roupas e acessórios femininos, a jovem protagoniza discussões pelo simples fato de usar o banheiro.

"No colégio, eu usava o banheiro feminino escondida e ainda hoje tenho problemas para usar banheiros públicos. Eu fui faxineira dos terminais de ônibus e entrava e saía dos banheiros. Depois que mudei de emprego, os guardas não me deixam mais entrar no feminino. É uma humilhação", disse.

A perseguição na escola, a resistência e a indiferença de familiares e o preconceito nas ruas já fizeram a transexual até mesmo pensar em suicídio na adolescência. Apesar de não pensar mais na morte como alternativa, ela ainda considera difícil se "encaixar no mundo". "Às vezes eu penso que nesse mundo não tem lugar pra mim. Em lugar nenhum."

Dia da Mulher

Riany contou que chega a ser parabenizada no 8 de março, mas nunca recebeu flores. O gesto, aliás, nunca aconteceu com ela nem mesmo em outras ocasiões. "Quem não gosta de flores? Mas eu nunca tive uma relação séria, é muito difícil para um homem assumir que namora uma trans, pois eles se importam muito com a opinião dos outros."


Disponível em http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2014/03/transexual-que-espera-cirurgia-sonha-em-ganhar-flores-pelo-dia-da-mulher.html. Acesso em 15 mar 2014.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Transexual espanhol anuncia estar grávido de gêmeos

Anelise Infante
23 de março, 2009

Rubén Noé, de 25 anos, nascido Estefanía Corondonado, ainda mantém órgãos reprodutivos do sexo feminino .

Ele disse à imprensa espanhola que segue o desejo de ser pai - que pode ser resultante, segundo suas próprias palavras, de fato de ter sido criado em um orfanato e adotado.

O transexual disse ainda que acha seu caso "normal, porque o mundo está mudando".

O caso de Noé lembra o do americano Thomas Beatie, transexual que no ano passado deu à luz sua primeira filha e está novamente grávido.

'Tabus sociais'

O espanhol afirma que resolveu tornar a história pública, após conseguir engravidar por meio de uma inseminação artificial, para "ajudar a acabar com os tabus sociais".

"Já é hora de as pessoas começarem a considerar normal uma gravidez de um transexual. O mundo está mudando, cada vez vão aparecer mais casos assim", disse.

Namorando a espanhola Esperanza Ruiz, de 43 anos e mãe de dois filhos, Rubén Noé pretende se casar e registrar os gêmeos em nome de ambos, sendo ele o pai.

Para isso quer voltar ao tratamento hormonal, interrompido para a gestação.

Terapia

Noé afirmou estar convencido sobre sua identidade sexual e que nunca duvidou de "se sentir um homem".

Assim que der à luz em setembro, pretende retomar a terapia com testosterona (hormônios masculinos) e operar os genitais.

O que lhe preocupa agora é a saúde dos bebês. Ele sofre de epilepsia e foi advertido pelos médicos de que sua gravidez é de alto risco por causa da doença, pois eventuais convulsões poderiam provocar um parto prematuro.

Mesmo assim, pretende expor "a barriga de grávido", como descreveu aos jornalistas espanhóis na cidade de Berga, próxima à Barcelona, onde está vivendo a gestação longe da família.

Noé disse ter sofrido pressões da família ao tomar a decisão de engravidar. Por isso trocou Málaga, no sul do país, pela pequena cidade de 15 mil habitantes no nordeste espanhol.

Mas quer publicidade para sua gestação e já negocia o preço de uma entrevista com dois canais de TV da Espanha. "A bomba é minha. Se eu não fizer, outro vai fazer e ganhar dinheiro com a minha vida", argumenta.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/03/090323_transexualgravido_rw.shtml. Acesso em 07 out 2013.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Transexualidade, segundo o Wikipedia

Wikipedia

Resumo: Transexualidade é a condição considerada pela OMS como um tipo de transtorno de identidade de gênero, mas pode ser considerada apenas um extremo do espectro de transtorno de identidade de gênero. Refere-se à condição do indivíduo que possui uma identidade de gênero diferente da designada ao nascimento, tendo o desejo de viver e ser aceito como sendo do sexo oposto. Usualmente, os homens e as mulheres transexuais apresentam uma sensação de desconforto ou impropriedade de seu próprio sexo anatômico e desejam fazer uma transição de seu sexo de nascimento para o sexo oposto (sexo-alvo) com alguma ajuda médica (terapia de reatribuição de gênero) para seu corpo. A explicação estereotipada é de "uma mulher presa em um corpo masculino" ou vice-versa, ainda que muitos membros da comunidade transexual, assim como pessoas de fora da comunidade, rejeitem esta formulação.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Lea T sobre mudança de sexo: "é delicado e mexe com a cabeça"

Na Telinha
28 de maio de 2012

Em entrevista à revista "Istoé Gente" desta semana, Lea T falou sobre a cirurgia de mudança de sexo que realizou na Tailândia. "Devo ficar mais um tempinho no Brasil. Vou conversar sobre a cirurgia na hora certa e quando eu me sentir preparada", disse.

Ela contou que pretende dar uma entrevista técnica sobre o assunto ao programa "Fantástico", da Globo: "É um assunto muito delicado e ainda estou me adaptando. Eu não posso sair incentivando ninguém a fazer essa cirurgia. Mexe muito com a cabeça. Tem que estar muito preparada. Minha família ajudou muito. Meu pai tem uma cabeça muito boa". A transexual é filha do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo.

Lea T ainda afirmou que antes de fazer a cirurgia fez terapia como forma de preparação: "Ainda estou fazendo terapia. Fiz antes, durante e depois".


Disponível em http://natelinha.ne10.uol.com.br/celebridades/2012/05/28/lea-t-sobre-mudanca-de-sexo-e-delicado-e-mexe-com-a-cabeca-165311.php. Acesso em 09 jul 2013.

domingo, 14 de julho de 2013

Nos bastidores da cura gay

João Batista Junior
28.jun.2013

O salão térreo de um casarão colonial onde se localiza a Igreja Cristã Pentecostal Independente Maravilhas de Jesus, no centro, tem bancos de estofado puídos e um palco pequeno. Ao lado das portas de entrada, três pastores estão a postos para receber os fiéis. Às 15 horas da última quarta (26), um dos líderes espirituais disponíveis era Aristides de Lima Santos.

Usando calça de brim creme, camisa azul-claro com todos os botões fechados e um blazer escuro por cima, o senhor de estatura baixa aparentava pouco mais de 50 anos de idade. Ao ser abordado, simpático e solícito, contou um pouco de sua história. Lembrou que, antes de aceitar Jesus, vivia no pecado: era um mulherengo incorrigível. “Desses que não conseguem passar uma semana sem uma companheira diferente”, confessou. Na função de orientar o rebanho, está acostumado a lidar com todo tipo de gente e de angústias. Conta já ter recebido por lá algumas pessoas dispostas a abandonar a homossexualidade. Com base nessa experiência, criou uma teoria a respeito dos gays que querem se tornar héteros. “Irmão, é preciso arrumar uma mulher quanto antes para casar e ter filhos”, costuma aconselhar. “Ela não precisa saber que o senhor tinha essa tendência. Vai ajudar na sua libertação.”

Em seguida, Santos abre sua bolsa e tira uma Bíblia cheia de anotações e trechos grifados. Com voz calma, lê passagens para justificar essa linha de raciocínio. Cita Mateus 26:41, olhando nos olhos do interlocutor: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca”. Do Levítico 18:22 extrai a seguinte passagem: “Não te deitarás com um homem, como se fosse uma mulher: isso é uma abominação”. As palavras do livro sagrado servem para justificar o pensamento do pastor. Segundo ele, na escala de malfeitorias, um homossexual está na mesma categoria do ladrão, do assassino, do viciado em drogas e do adúltero. Todos são pecadores mortais. “Mas Deus é misericordioso e não discrimina ninguém, desde que a pessoa liberte sua alma do diabo”, ameniza. Termina a pregação fazendo uma ressalva: “Homossexuais são como as prostitutas: sofreram alguma macumba e têm influências de forças malignas”.

Na semana passada, Veja São Paulo ouviu frases como essas em um périplo por dez igrejas evangélicas da metrópole, das mais variadas vertentes. Sem se identificar como jornalista, o repórter bateu às portas de cada uma dizendo que era um homossexual disposto a tentar uma nova vida. O objetivo era saber como essa questão é tratada no dia a dia dessas religiões. Em outras palavras: afinal, a tão falada “cura gay” existe na prática?

O assunto entrou no centro das discussões após um projeto de lei do deputado João Campos (PSDB-GO) que suspende o trecho da resolução do Conselho de Psicologia de 1999 que proibiu profissionais da área de oferecer tratamento e cura de homossexualidade. Um profissional que iniciar uma terapia com o objetivo de fazer de um gay um heterossexual pode ser hoje processado e ter seu diploma cassado. A proposta de Campos foi aprovada pela Comissão de Direitos Humanos, liderada pelo pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP). 

Essa mudança provocou uma grande polêmica e virou um dos temas da atual onda de manifestações no país. No último dia 21, segundo cálculos da PM, cerca de 1 000 pessoas iniciaram uma passeata na Praça Roosevelt, no centro, portando cartazes como “Feliciano, cura o Ricky Martin para mim?”. Na quarta passada, aproximadamente 300 pessoas (também de acordo com estimativas da PM) realizaram um ato parecido na Avenida Paulista.

No universo dos templos visitados, ninguém usou o termo “cura gay” ou demonstrou ter um programa específico para tal finalidade. Nove dos dez pastores consultados, entretanto, sugeriram algum tratamento espiritual para a pessoa se livrar do que consideram um pecado grave. Para eles, a prática homossexual é condenável e precisa ser mudada imediatamente, sob o risco de o transgressor acabar no inferno. “Com muita oração, renegando os amigos homossexuais e tirando a influência de qualquer magia negra, é possível um gay se casar e ter filhos. Já vi muitos pastores convertidos”, garantiu na última terça (25) André Luís, da Universal do Reino de Deus localizada na Rua dos Timbiras, no centro.

Endereços da Assembleia de Deus Ministério do Belém, da Internacional da Graça de Deus e da Deus É Amor também foram visitados. “Não é natural ser assim: 100% dos homossexuais sofreram feitiço”, afirmou a pastora Maria do Carmo Moreira, da Comunidade Cristã Paz e Vida. “Entregue sua alma a Jesus e não procure um psicólogo, que vai achar tudo normal e querer que o senhor se aceite.” Na Igreja Mundial do Poder de Deus, o pastor Eder Brotto foi categórico: “Isso é coisa do capeta”. Depois de proferir uma oração de libertação (“Feche os olhos, leve a mão direita à altura do coração e comece a renegar os prazeres da carne”), Brotto sugeriu ao repórter que frequentasse a igreja às sextas e aos domingos, além de rezar três vezes por dia ajoelhado no chão.

A homossexualidade é condenada por praticamente todos os segmentos do cristianismo, com poucas exceções, como a Igreja Anglicana, que até já ordenou sacerdotes gays. A abordagem do tema, porém, é muito variável. “Em geral, casos de exorcismo e gritaria são mais comuns nas evangélicas neopentecostais, enquanto nas protestantes tradicionais e na católica a questão costuma ser tratada em conversas individuais, na privacidade do gabinete pastoral”, diz a teóloga Sandra Duarte de Souza, professora e pesquisadora da Universidade Metodista de São Paulo. “Essa forma mais discreta, entretanto, não significa que seja menos violenta. A pressão em conversas duras pode ser tão devastadora quanto os rituais ao estilo ‘sai, capeta’.”

Os pastores que pregam contra a prática gay se valem invariavelmente de trechos da Bíblia. Trata-se de um terreno minado. Ocorre que as discussões sobre interpretação e até mesmo as traduções dos textos fazem com que o significado de tais passagens seja questionado. “Os fundamentalistas tomam ao pé da letra alguns trechos, esquecendo de outros nos quais Jesus prega o acolhimento e o amor aos excluídos”, observa o teólogo Paulo Sérgio Lopes Gonçalves, da PUC de Campinas.

O trabalho de libertação, como dizem nas igrejas evangélicas, acabou criando um novo gênero: os ex-gays. Eles são quase como propagandas ambulantes do processo, apontados como provas vivas de que, com a ajuda de Deus — e dos pastores, claro —, é possível transformar sua orientação sexual. “Graças ao Senhor, entendi que a maneira como eu vivia era errada e busquei forças para sair daquilo”, conta o presbítero Eduardo Rocha, representante da Igreja Sal da Terra. Rocha era um transformista conhecido pelo nome de guerra Grevâniah Rhiuchélley. Ele começou a se vestir de mulher aos 16 anos, mas conta que sentia atração por meninos desde os 12. Cocaína e maconha entraram rápido na sua rotina. “Eu debochava de religião, não tinha respeito por Jesus”, penitencia-se.

Tudo mudou durante uma rave na cidade de Alto Paraíso, no interior de Goiás. Foi quando Rocha teria ouvido uma voz. “Ela me dizia que o Senhor ia mudar minha vida.” Desde então, o baladeiro passou a ler a Bíblia e a frequentar cultos. “O processo não foi traumático ou agressivo, mas muito difícil”, lembra. Cinco anos depois da conversão, em 2007, Rocha se casou com a musicista Genoveva Geni. Hoje, eles trabalham para que outros jovens encontrem a tal salvação. Às quartas-feiras, o ex-transformista se encontra com um grupo de cerca de vinte gays em reuniões nos moldes dos alcoólicos anônimos.

“Oramos, lemos a Bíblia, cada um conta sua história e tento fazê-los entender que precisam sair da vida de pecado”, descreve. Rocha também dá seus testemunhos em diversas igrejas evangélicas da cidade e organiza o Seminário de Sexualidade Cristã, que aborda temas como “pureza sexual” e “restauração da identidade”. Diz ele: “Todos que estão vivendo como homossexuais enfrentam um desvio de personalidade que deve ser contornado”.

Na contracorrente, começaram a surgir no meio evangélico algumas dissidências. É o caso da pastora Lanna Holder, lésbica assumida e fundadora da igreja Comunidade Cidade de Refúgio. Até os 20 anos, segundo relata, Lanna levou a vida com fartura de drogas, álcool e namoradas. “Depois me converti e passei a pregar contra as lésbicas”, conta. Na época, chegou a se casar com um homem e teve um filho. Lanna defendeu a “cura gay” por dezesseis anos. O ponto de virada tem nome e sobrenome: Rosania Rocha, uma cantora gospel. As duas lutaram contra a paixão, tentaram se libertar da atração, mas jogaram os panos. Em 2011, fundaram juntas a Comunidade Cidade de Refúgio, localizada no centro. Elas já contam com 600 fiéis, em sua maior parte gays. “Quase todos eles tentaram se ‘salvar’ e não conseguiram. É normal recebermos aqui gente que já quis se matar várias vezes devido a esses processos, que causam um problema sério de autoaceitação”, diz Lanna.

Não são apenas igrejas fundadas por homossexuais que pregam a tolerância. “Desvirar gay para quê?”, perguntou ao repórter de VEJA SÃO PAULO a obreira Rose Silva, do Centro de Meditação Cristã, no Brás, no encontro ocorrido no fim da tarde da última quarta (26). “Faça uma oração da libertação para se aceitar, não para se reprimir. Deus ama a todos em sua plenitude.”

Rose concorda que as igrejas evangélicas não toleram a prática homossexual, mas para ela a questão deveria ser abordada com outro viés. “Em primeiro lugar, penso se a pessoa interfere negativamente na vida dos outros. Se não, quero mais é que ela seja feliz.”

"Isso é coisa do capeta"

Em nove dos dez endereços visitados pelo repórter, que não se identificou como tal, os pastores trataram a homossexualidade como um pecado e deram conselhos para a conversão. A seguir, trechos de alguns dos encontros

a) Igreja Cristã Pentecostal Independente Maravilhas de Jesus, no centro (pastor Aristides de Lima Santos)

— Sou gay e quero mudar de lado. Como faço?
— Precisa seguir o ditado bíblico: “Vigiai para não entrar em tentação”. É fundamental que o senhor se case para aceitar Jesus, se libertar e não pensar em homem.
— Não há o risco de minha companheira ser infeliz? 
— Ela não precisa saber que o senhor era gay. A Bíblia diz que varão não pode ter relacionamento com outro varão. A homossexualidade é um pecado mortal, assim como matar.

b) Comunidade Cristã Paz e Vida, no centro (pastora Maria do Carmo Moreira)

— Sou gay e quero saber se é possível virar heterossexual.
— Para Deus, nada é impossível. Não é natural ser assim: 100% dos homossexuais sofreram feitiço.
— O que devo fazer para mudar?
— Depende de você saber que está no caminho errado e fazer a vontade de Deus. Leia este livro, Jesus, a Vida Completa, frequente os cultos, ore e abandone a vida de prazeres da carne. O caminho será um processo natural, pode ter certeza.

c) Igreja Universal do Reino de Deus, no centro (pastor André Luís)

— Sou gay e quero saber se é possível trocar de lado.
— Sim, conheço alguns pastores que eram assim e hoje são casados e têm filhos. Assim como um viciado em cocaína precisa se livrar dos amigos drogados, um homossexual tem de deixar de lado a sua turma. É preciso também evitar bares e baladas para não cair em tentação.
— O que mais?
— No começo, precisa vir pelo menos quatro vezes por semana à igreja para tirar o capeta do seu corpo. Pagar os 10% do dízimo também é fundamental. É devolver para Deus a graça de você ter ido para o caminho certo.

d) Igreja Mundial do Poder de Deus, na Zona Leste (pastor Eder Brotto)

— Sou gay e quero virar heterossexual. É possível?
— É fundamental, caso contrário vai para o inferno. Isso é coisa do capeta.
— Como faço?
— Tem de vir aqui às sextas, dias em que tiramos o capeta do corpo, e aos domingos. Tenha uma Bíblia ao lado da cama. Ore três vezes ao dia, ajoelhado (podemos nos humilhar para Deus). Sugiro ler Isaías, capítulo 44. Fala da aceitação do Senhor. E não deixe de pagar o dízimo.

e) Igreja Pentecostal Deus É Amor, no centro (pastor Lourival de Almeida)

— Quero deixar de ser gay. É possível?
— Claro. Tudo é uma questão de poder do controle.
— Como assim?
— Sou homem no sentido heterossexual da palavra. Todo homem é, por essência, polígamo. É preciso ter o próprio domínio para respeitar e honrar a mulher. O mesmo vale para o homossexual: controle seu desejo.

f) Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus, na Zona Leste (pastor Paulo Rogério)

— Quero me tornar heterossexual. Como faço?
— Para tirar a influência do diabo, precisa fazer uma série de orações.
— Por exemplo?
— Sexta é o dia em que o diabo está mais presente na sociedade. Faça jejum à noite, antes de vir para a igreja. Volte a comer no sábado de manhã. Vai ajudar no trabalho de purificação.

g) Casa da Bênção, na Zona Leste (pastor Cléber Lana)

— Como faço para deixar de ser gay?
— Isso é uma maldição hereditária. Existem outras pessoas assim na sua família?
— Que eu saiba, não.
— Então pode ser algum trabalho feito contra você. Sugiro que se entregue a Deus, ore e frequente cultos de libertação.


Disponível em http://vejasp.abril.com.br/materia/bastidores-cura-gay. Acesso em 09 jul 2013.

sábado, 6 de julho de 2013

Após nascer com sexo trocado, casal transgênero se apaixona em terapia

Virgula
19 de Junho de 2013 

Aparentemente eles são um casal comum se não fosse por um detalhe: ambos são transgêneros, ou seja, o rapaz nasceu menina e a moça nasceu menino. Katie Hill, de 19 anos, nasceu, e viveu suas 15 primeiras primaveras como Luke; já Arin Andrews, de 17 anos, veio ao mundo como Esmerald e chegou a ganhar concursos de beleza e se destacar no balé durante sua infância. Na adolescência, já como transgêneros, os dois se apaixonaram e iniciaram um relacionamento.

Ambos lutavam com sua sexualidade quando crianças e iniciaram terapia hormonal ainda muito jovens, mais tarde, quando frequentavam um grupo de apoio aos trans, em Tulsa, Oklahoma, EUA, se conheceram e se apaixonaram.

“Tudo o que vi foi um cara bonito. Nós somos perfeitos um para o outro, porque ambos tivemos os mesmos problemas na infância. Ambos vestimos o mesmo manequim e ainda podemos trocar nossas roupas velhas, que nossas mães insistiam em comprar e odiávamos”, contou Katie em entrevista ao “Daily Mail”.

Segundo ela, os dois são tão convincentes em suas novas identidades, que ninguém sequer percebe que são transgêneros. “Secretamente nos sentimos tão bem com isso, pois é a maneira como sempre quisemos ser vistos”, explica.

O casal, em sua luta diária por ter as formas que sua personalidade pede, passa ainda passa por tratamentos com hormônios: Arin ingerindo testosterona para ganhar formas mais masculinas e Katie tomando doses de estrogênio, que lhe renderam seios naturais, sem implante de silicone.

Conforme o jornal britânico, Katie é considerada uma mulher, legalmente, desde seus 15 anos, e acredita que nasceu naturalmente com altos níveis de estrogênio, já que desde o pré-primário tinha pequenos seios, mesmo tendo o corpo bem esguio. Ela, inclusive, ganhou uma cirurgia de mudança de sexo, quando fez 18 anos, depois de um doador anônimo ficar comovido com sua história.

“Desde os três anos eu sabia que, no fundo, eu queria ser uma menina. Tudo o que eu queria era brincar com bonecas. Eu odiava meu corpo de menino e nunca me senti bem nele. Mantive meus sentimentos em segredo total até crescer. Agora eu e Arin podemos compartilhar nossos problemas”, diz.

Arin se lembra de uma experiência semelhante, e diz que sabia que era um menino desde o seu primeiro dia de escola, aos cinco anos. “Os professores separaram as meninas e os meninos em filas para uma brincadeira. Eu não entendi porque me pediram para ficar com as meninas. Coisas femininas nunca me interessaram, mas eu estava preocupado com o que as pessoas pensariam se eu dissesse que queria ser um menino, então mantive isso em segredo”, confessa.

Ainda criança, a mãe de Arin, Denise, incentivou a criança a fazer balé, mas o amor secreto de Arin era pilotar motos, fazer triatlo e escalada. “Mamãe e papai argumentavam que motocross entrava em confronto com a minha agenda de dança”, lembra ele, que aos 11 anos conseguiu fazer sua mãe desistir de vê-lo como uma bailarina.

Denise Andrews hoje apoia o filho e o ajuda com as doses de testosterona, além de ter ajudado a pagar a cirurgia de remoção de mamas, depois de o garoto passar anos se apertando em faixas e cintas para esconder os seios e sofrendo bullying na escola.

“Eu parecia uma menina bonita, mas agia e andava como um menino. Todo mundo começou a me chamar de lésbica. Era muito humilhante. Eu não me sentia gay. Comecei a ter pensamentos suicidas e disse aos meus pais que me sentia confuso, mas eu nem sabia que existiam pessoas transexuais. Eles disseram ‘ok’ eu ser gay, mas me colocaram na terapia por causa da depressão”, lembra.

A história de Katie é bastante semelhante, ela também passou por momentos de depressão, pensando em acabar com a própria vida, e só descobriu o que era um transexual após uma busca na internet, tentando entender o que se passava com ela, deparou-se com a palavra na tela.

A aceitação da condição dos dois foi um processo lento para a família, mas hoje, até a avó de Katie, Judy, entende que a neta “nasceu no corpo errado”.

O casal afirma estar expondo sua história ao mundo para ajudar a aumentar a conscientização sobre as questões trans. “Mais precisa ser feito para que as pessoas saibam sobre as questões trans”, disse Katie. “Nós dois passamos anos no deserto. Me senti muito sozinha. Nossos pais não sabem como ajudar, porque nenhum de nós sabia que era trans. Ninguém deveria passar pelo que passamos”, completa.

“Minha vida mudou quando conheci Katie, percebi que não estava sozinho”, finaliza Arin, apaixonado.


Disponível em http://virgula.uol.com.br/inacreditavel/curiosidades/apos-nascer-com-sexo-trocados-casal-transgenero-se-apaixona-em-terapia. Acesso em 29 jun 2013.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Mudança de sexo de estrela de Hollywood completa seis décadas

Chloe Hadjimatheou
3 de dezembro, 2012

A transformação, que acaba de completar 60 anos, foi resultado da primeira operação de mudança de sexo bem-sucedida realizada pela medicina moderna - e combinada, também de forma pioneira, com terapia hormonal.

Após voltar aos EUA, Christine Jorgensen tornou-se uma atriz de relativo sucesso em Hollywood, o que deu ainda mais repercussão a seu caso.

Nos anos 30, uma tentativa de fazer uma operação de mudança de sexo em Berlim havia terminado com a morte do paciente. As lições tiradas dessa experiência, porém, serviram como ponto de partida para a equipe dinamarquesa que operou Jorgensen.

História pessoal

"Ex-soldado vira beleza loira", anunciava a manchete de um jornal americano quando Jorgensen voltou da Dinamarca.

Jorgensen mal lembrava o tímido nova-iorquino que deixara o país meses antes. Havia se transformado em uma mulher esbelta de 27 anos, com lábios vermelhos e cílios longos e desceu do avião vestindo um casaco de pele.

Jorgensen crescera no Bronx, em Nova York, e desde que era adolescente sentia que era uma mulher "presa" no corpo errado.

"O jovem Jorgensen não se identificava com um homossexual, mas com uma mulher", diz o médico dinamarquês Teit Ritzau, que conheceu Jorgensen ao fazer um filme sobre a atriz nos anos 80.

No final do 1940, durante um curto período no Exército, Jorgensen leu um artigo sobre o médico dinamarquês Christian Hamburger, que estava fazendo experiências com terapia hormonal em animais.

Como os pais de Jorgensen eram dinamarqueses foi fácil justificar a viagem e, em 1950, o ex-soldado desembarcou em Copenhague sem contar a ninguém sobre suas reais intenções.

"Estava um pouco nervoso porque muita gente dizia que eu era louco. Mas o doutor Hamburger não parecia achar que havia nada estranho no que eu queria fazer", Jorgensen lembrou em uma entrevista.

Cirurgia

Hamburger foi o primeiro médico a diagnosticar Jorgensen como transexual e o encorajou a assumir sua identidade feminina e a se vestir como mulher.

Antes da cirurgia, o paciente tomou hormônios, que logo começaram a fazer efeito.

"O primeiro sinal de mudança foi um aumento no tamanho das glândulas mamárias. Depois, começou a crescer cabelo aonde o paciente tinha uma ligeira calvície", o médico notou.

Jorgensen também foi avaliado durante sua transformação pelo psicólogo Georg Sturup, que apresentou uma petição ao governo dinamarquês para uma mudança legal que permitiria a operação.

Depois de mais de um ano de terapia hormonal, Jorgensen foi submetido à primeira de uma série de cirurgias que o transformariam em Christine.

Exatamente o que foi feito nesta operação não está claro - e certamente desde então a técnica de reconstrução dos órgãos sexuais dos pacientes submetidos a cirurgias desse tipo evoluiu bastante.

"Mas a operação foi suficientemente bem-sucedida para deixar Jorgensen satisfeita", diz Teit Ritzau. "E aparentemente não houve complicações ou efeitos colaterais importantes em função do tratamento - o que é surpreendente para a época."

Vida pós-operação

Em seu retorno para os EUA, Christine Jorgensen foi recebida com fascínio, curiosidade e respeito pelos meios de comunicação e o público americano.

Sua família também parece ter apoiado sua decisão. "A natureza fez um erro que eu corrigi - agora sou sua filha", Jorgensen escreveu para os pais após a cirurgia.

Jorgensen foi acolhida por Hollywood e iniciou uma carreira como atriz. Foi convidada para inúmeras festas, assinou contratos para atuar no cinema e no teatro e foi coroada "mulher mais glamourosa do ano" pela Sociedade Escandinava de Nova York. Nos anos 60 e 70 também rodou o país fazendo shows nos quais cantava.

"Acho que todos queriam dar uma olhada (nos resultados da transformação)", disse, certa vez.

Ela teve menos sucesso na vida pessoal. Seu primeiro relacionamento sério foi rompido logo após o noivado.

No seguinte, Jorgensen foi impedida de se casar quando mostrou seu certificado de nascimento no cartório.

"A sua vida teve altos e baixos e ela teve um pequeno problema com álcool, mas no final era uma pessoa muito simples. Certa vez me disse que sua melhor companhia era ela mesma," diz Ritzau, comentando sobre a aparente solidão da atriz.

Jorgensen morreu de câncer aos 62 anos, em 1989.

Anos antes, voltou à Dinamarca para encontrar os médicos que permitiram sua transformação.

"Não começamos a revolução sexual, mas lhe demos um bom impulso", disse na ocasião.

Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/12/121203_mudanca_sexo_ru.shtml. Acesso em 08 dez 2012.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Chinês de 84 anos quer fazer operação para mudar de sexo

G1
14/06/2012

Um chinês de 84 anos quer fazer operação para mudar de sexo, relata o ShangaiList.

Qian Jinfan, um funcionário público aposentado que mora em Foshan, diz que sente que deveria ter nascido mulher desde os três anos de idade, segundo o jornal.

Qian casou com uma mulher aos 54 anos e teve um filho, mas os dois, assim como os pais dele, não sabiam do desejo de Qian, de acordo com o site.

Quando fez 80 anos, ele decidiu começar a se vestir como mulher e a passar por terapia hormonal para aumentar seus seios.

Para a lei chinesa, quem quer mudar de sexo tem que viver pelo menos dois anos como o gênero oposto para a cirurgia ser aprovada, diz o Shangai List. Atualmente, Qian veste-se como mulher em eventos sociais, usa banheiros femininos e escreve "Homem-para-Mulher em transição" em formulários.

"Eu fiquei esperando por uma grande novidade médica" disse, desapontado, citando que o procedimento tem muitos riscos. Agora Qian espera fazer a operação para mudar de sexo, mas há complicações médicas adicionais devido a sua idade.


Disponível em <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/06/chines-de-84-anos-quer-fazer-operacao-para-mudar-de-sexo.html>. Acesso em 16 jun 2012.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Capitão da Marinha que virou mulher diz: “Nasci no corpo errado”

Extra Online
17/03/12 17:00 Atualizado em22/03/12 12:17 

No dia 7 de abril de 2010, um voo da TAM vindo da Tailândia, com escala em Londres, pousava após 25 horas de viagem no aeroporto do Galeão. Da aeronave, Bianca sai, apressadamente, em direção ao setor de bagagens. A experiência dos tempos de oficial da Marinha, em que viajava em missões pelo mundo, dizia-lhe que os extravios de malas eram comuns. Só que em vez de fardas, ela trazia, dessa vez, três bonecas Barbies compradas no país asiático, onde fora fazer uma complicada operação de troca de sexo. Naquele momento, começava a mudança mais radical na vida de Bianca.

Como surgiu o seu conflito?
Desde que eu me entendo por gente. Eu pensava de uma forma, mas me via, no espelho, de outra. Eu via isso como errado (ser mulher).

Por que você casou, teve filho, entrou para as Forças Armadas?
Durante toda a minha vida, tentei fugir do que realmente era. Primeiro, tentei ser o que o meu irmão mais velho era. Meu pai era militar, e a gente vivia em vilas militares, mas entrar para a Marinha não foi somente uma influência dele. Era também uma forma de fugir desse conflito. Casei, e minha última tentativa de fugir foi ter um filho.

Quando a sua família descobriu?
Ainda jovem, meus pais descobriram, no meu quarto, algumas coisinhas minhas. Chamaram uma psicóloga. Eu aceitei e disse que iria me curar. Mas a psicóloga procurou meus pais e falou: “Talvez o que vocês querem eu não consiga; talvez seu filho seja um transexual”. Eu ouvi tudo da cozinha. Fui a uma biblioteca para entender o que isso significava. Foi quando vi a Roberta Close. Aí eu pensei: “Poxa, se eu for isso mesmo, quero ser como a Roberta Close”.

Por que você passou a comprar Barbies depois que fez a operação?
Eu tenho 15 Barbies. Não coleciono, não. Comprei três na Tailândia porque eu sempre tive vontade de ter Barbie, de brincar de boneca.

Eu sempre fui mulher, mas estava fugindo disso. Nunca fui homem, só fui por fora
Bianca

Você está feliz com a mudança?
Inteiramente. Eu sempre fui mulher, mas estava fugindo disso. Nunca fui homem, só fui por fora. Eu tentei fazer o papel que a sociedade esperava de mim: ser um homem. Mas eu nasci no corpo errado. Eu antes tinha amigos, família, trabalho... Eu perdi tudo isso, mas ganhei minha identidade.

E a sua relação com a Marinha?
Fiquei muito frustrada com o tratamento que recebi. Eu fui descartada pela Marinha, que poderia ter me oferecido um tratamento mais digno, como acompanhamento psicológico.

E o seu filho?
No começo, ele ficava me perguntando: “Por que você usa peruca?”. Eu o encontrava com um tipo unissex, nem uma coisa em outra. Até que chegou um momento que eu disse: “Papai é diferente, papai não estava feliz como menininho”. As coisas sempre foram construídas com verdade.

Você chegou a ser ameaçada?
Não sei por quem, mas depois que eu contei na Marinha, que o fato se tornou público em jornais, recebi ligações telefônicas: “Seu veado, vai morrer”, diziam. Percebi pessoas estranhas rondando minha casa. No shopping, havia pessoas me seguindo. Com certeza, o serviço de inteligência da Marinha ficou na minha cola.

Disponível em <http://extra.globo.com/noticias/rio/capitao-da-marinha-que-virou-mulher-diz-nasci-no-corpo-errado-4336283.html>. Acesso em 25 mar 2012. 

terça-feira, 27 de março de 2012

Troca de sexo: Luciano vira Olga

Guilherme Baptista
02/03/2012

Desde pequena, ela gostava de brincar de boneca, usar salto alto, vestido e pintar as unhas. Mesmo com o preconceito, aos 16 anos se assumiu como mulher. "Enfrentei muitas piadinhas", lembra, sobre os tempos de escola. Com o apoio da mãe, irmãos e amigos, "Lú", como é mais conhecida, foi aos poucos se transformando. Mas faltava ainda algo importante: o corpo.

Após nascer como Luciano Klung, a montenegrina agora assina como Olga Luciana Klung. Foi o segundo caso em Montenegro de cirurgia de redesignação sexual. "Lú" lembra que cinco anos atrás decidiu se submeter a operação. Depois de uma consulta médica, ocorreu o encaminhamento para a área de transexualismo (transtorno de gênero) do Hospital das Clínicas, em Porto Alegre. Por nove meses passou por frequentes consultas como psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais. "Alertaram que era um caminho sem volta", recorda. Após passou para um grupo de apoio, com cerca de quinze meninas trocando experiências por aproximadamente três anos. "Algumas desistiram", lembra. Mas "Lú" estava decidida.

Todo tratamento foi custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 30 de dezembro do ano passado ocorreu o dia tão esperado. "Estava assustada, mas alegre", recorda. Foram cerca de seis horas de cirurgia. O próprio médico a acalmou informando que em quatro horas ela sairia da mesa de cirurgia como Olga Luciana. Foi feita então uma reconstituição do órgão sexual. A recuperação foi rápida. Depois de uma semana no hospital e um mês em casa, Luciana já estava de volta ao Studio K, onde trabalha como cabeleireira há oito anos.  

Sem planos

Olga Luciana já encaminhou o pedido para seus novos documentos, um procedimento simples, que demora cerca de dois a três meses. Aos 29 anos, terá o mesmo nome de sua bisavó, que não chegou a conhecer. “É um nome bonito, que inspira respeito”, diz.

Mesmo considerando Montenegro uma cidade conservadora, “Lú” diz que conseguiu que a comunidade respeitasse a sua opção. Apenas o pai não aceitou. “Virei esta página”, disse, sem querer falar muito sobre o pai, com quem não teve mais contato.

Solteira, “Lú” gosta de ir em festas em Montenegro e na região. Já teve namorado, mas diz que não tem planos de imediatamente constituir família e adotar filhos. “Vou deixar o barco andar”, comenta. Na porta do salão de beleza recebe os cumprimentos das pessoas que passam. “Não imaginava que iriam me apoiar tanto. As pessoas param na rua para me parabenizar”, diz, agradecendo o apoio.

Disponível em <http://www.fatonovo.com.br/ler.php?id=3604>. Acesso em 25 mar 2012.