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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O corpo feminino transexual

Talmo Rangel Canella Filho; Maria Lucia Rocha-Coutinho
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos)
Florianópolis, 2013


Resumo: A transexualidade surge da incompatibilidade entre a constituição corporal e a identidade sexual, esta sempre determinada por critérios anatômicos, onde o pênis ou a vagina determina a pessoa como sendo um homem ou uma mulher, não levando em consideração fatores como os genéticos, somáticos, psicológicos e sociais. Com a evolução da ciência, sobretudo no campo da cirurgia e da endocrinologia, tornou-se possível a mudança das características primárias (órgão genital externo) e das características secundárias (seios, voz, face...). Para se entender o processo de transição corporal entre os gêneros percorrido por pessoas transexuais, se faz necessário verificar o discurso acerca dos fatores que influenciam em cada intervenção corporal. Assim, o presente estudo tem como objetivo identificar quais são estes fatores e suas influências na transição. A transexualidade será apresentada a partir de suas diferenças em relação às outras categorias sexuais, bem como enquanto uma construção sócio-histórica-discursiva. Posteriormente, serão apresentados os possíveis significados dados ao corpo, apresentando-o também enquanto uma construção sóciohistórica-discursiva para, posteriormente, verificarmos as atuais possibilidades de intervenções corporais e seus efeitos. 



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

80% dos casos de câncer de pênis precisam de amputação, diz HC

G1
23/08/2010

Cerca de 60 homens procuram o Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo com câncer de pênis por ano. Desse número, em 80% dos casos há necessidade de amputação do membro, segundo a Secretaria de Estado de Saúde. As amputações são feitas, normalmente, porque os casos que chegam ao hospital apresentam gravidade, e todos precisam de intervenção cirúrgica.

O câncer de pênis atinge, atualmente, 2% da população masculina do país, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia. Associada a maus hábitos de higiene, a doença é bastante invasiva e alcança altos índices nas regiões Norte e Nordeste do país, onde chega perto de 10%.

De acordo com a secretaria, os sintomas de câncer de pênis são facilmente percebidos: se parece com uma úlcera e forma diversas feridas no membro. Muitos casos não são diagnosticados com rapidez porque a pessoa não acredita que possa ser um câncer.

A fimose pode ser um fator de risco para a consolidação da doença, pois dificulta a higienização do pênis.

Tratamento

O tratamento, geralmente, é feito por meio de cirurgia, pois o câncer avança de maneira rápida e causa traumas que somente a intervenção cirúrgica pode reparar a tempo. Se tratado a tempo, o paciente sofre danos menores, que não o impedirão de ter uma vida sexual ativa.

O diagnóstico precoce é fundamental, pois evita grande parte do sofrimento e sequelas no paciente. A prevenção do câncer é simples. Basta estar atento à higiene diária do membro.


Disponível em http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2010/08/80-dos-casos-de-cancer-de-penis-precisam-de-amputacao-diz-hc.html. Acesso em 20 jan 2014.

sábado, 19 de outubro de 2013

Beatriz, 22, transexual: “eu gosto e sempre gostei de meninas”

Natália Eiras
28/03/2013

"Eu vou virar mulher". Foi com essa afirmação meio fora do ritmo que um estudante de composição na Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) informou aos colegas que começaria a tomar hormônios para encontrar a sua identidade sexual. A garota que agora responde por Beatriz entrou na faculdade ainda como um menino e fez a revelação à sua turma no fim do primeiro semestre. Com a ajuda das amigas, comprou roupas femininas e maquiagem para, no primeiro dia de aula depois das férias de julho, chegar à universidade já vestida como Beatriz. “O pessoal perguntava se eu tinha dado uma de Laerte”, diz a jovem, se referindo ao cartunista que se tornou adepto do cross dressing (prática na qual alguém passa a se vestir com figurino do sexo oposto). Vamos omitir o nome masculino de Beatriz, porque ele é uma das reminiscências do passado que ela prefere não dividir com (mais) ninguém.

A segunda surpresa referente à mudança de sexo de Beatriz é que, mesmo na pele de uma mulher, ela segue interessada sexualmente em mulheres. “Eu gosto e sempre gostei de meninas”, deixa claro Beatriz Calore, de 22 anos. Há apenas um ano fazendo o tratamento de mudança de sexo, a garota é uma prova de que orientação e identificação sexual são coisas completamente diferentes. Desde cedo, a estudante soube que gostava de mulheres, mas não se sentia confortável em um corpo masculino. “Quando era adolescente, eu via um desenho japonês sobre um colégio de lésbicas e achava aquilo o paraíso. Queria ser uma das meninas, se relacionando com outras meninas”, explica, rindo, a jovem violonista.

Atualmente, após passar por uma cirurgia plástica para feminilizar o rosto, Beatriz quer encontrar o amor, como qualquer garota, mas, além do preconceito generalizado contra gays, ela é uma nota destoante dentro da própria população LGBTT. “Eu perguntava para as meninas no Leskut, o Orkut das lésbicas, se elas sairiam com uma trans e a resposta era: ‘Eu não saio com homens’”, explica Beatriz. “As pessoas veem o que era antes e não o que é agora”. A seguir a entrevista que ela deu ao iGay .

iG: Como sua família lidou com a sua decisão?
Beatriz: Eu sou quase orfã. Minha mãe faleceu há uns quatro anos e meu pai não fala comigo. Eu sei onde ele mora, ele sabe da situação em que estou, mas não quer me ver. A última vez que  o vi foi no ano passado, quando ainda não tinha contado que eu sou... eu. Quanto ao meu padrasto, que era o marido de minha mãe, é difícil ficar com a família dele. Algumas pessoas se sentem incomodadas, acham que o convívio como uma trans pode atrapalhar a criação do filho. Minha tia também demorou para aceitar. Ela tinha muitos preconceitos baseados em noções erradas, achando que a prostituição era a única opção. Mas ela viu que eu não vou largar os meus estudos para me prostituir.

Minha mãe faleceu e meu pai não fala comigo. Sei onde ele mora, ele sabe da situação em que estou, mas não quer me ver. Na última vez que o vi ainda não tinha contado que eu sou...eu.

iG: Quando percebeu que tinha algo de diferente em você?
Beatriz:  Quando criança, eu era bem afeminada, mas até uns sete, oito anos, eu não sacava nada. Depois, aprendi a me relacionar com os garotos e por um bom tempo andei com eles. Porque eu gostava e gosto de meninas. Meninas. Na adolescência, fui passando a perceber que as coisas não eram muito bem assim, que eu me sentia diferente. Comecei a ter interesses diferentes.

iG: Que tipo de interesses?
Beatriz: Pode parecer muito ridículo, mas enquanto os meninos assistiam desenhos japoneses de ação, eu tinha me interessado muito por um que era de romance e era sobre um colégio em que só tinha meninas lésbicas. E me apaixonei por aquilo, pensava: “Nossa, como eu queria ser uma dessas meninas”. Não é que eu queria ser um menino dentro desse colégio, eu queria ser uma das alunas, se relacionando com outras alunas. Achava aquilo um paraíso (risos).

iG: Você conseguiu lidar bem com a situação?
Beatriz: Mais ou menos. Comecei a me sentir mal por ser homem, passei a desprezar os homens. Uma espécie de preconceito que se voltava contra mim, de certa maneira. E em certo momento, percebi que gostaria realmente de ser uma mulher. Antes disso, eu tinha muitos problemas com o meu corpo, especialmente com as reações sexuais do corpo masculino, que eu achava que não condiziam com a maneira que eu pensava sobre o amor, o romance, as relações. Eu achava que era algo totalmente diferente, impulsivo, que não tinha nada a ver comigo. Depois que eu comecei a tomar hormônio, acabou.

Tinha muitos problemas com o meu corpo, com as reações sexuais do corpo masculino, que achava que não condiziam com a maneira que eu pensava sobre o amor, o romance, as relações. Percebi que queria ser mulher. Comecei a tomar hormônio e tudo isso passou.

iG: Quando tomou a decisão de mudar para o sexo com o qual você se identifica?
Beatriz:  Comecei a fazer tratamento psicológico com 17 anos, mas não por causa disso. Eu falava sobre essas questões com a minha psicóloga da época, mas ela não achava que eu era trans, achava que era alguma fantasia. Depois passei por outros profissionais até encontrar uma especializada em sexologia, que me diagnosticou transexual e escreveu um laudo sobre a minha situação, me encaminhando para o SUS. No ano passado, consegui começar a tomar hormônio. E, a partir do momento em que comecei o tratamento, comecei a contar para as pessoas que sou transexual.

iG: Você estava no meio do primeiro ano de faculdade quando tomou a decisão. Como foi contar para os colegas?
Beatriz: Durante as férias, eu contei para os meus colegas de classe e para algumas pessoas de outros cursos. As minhas amigas, então, me ajudaram a comprar roupa e me ensinaram a me maquiar. No primeiro dia de aula, todo mundo comentou e o pessoal ficava perguntando se eu tinha dado uma de Laerte. Mas, em geral, eles entenderam bem.

iG: E como os seus amigos de infância estão lidando com a sua transição?
Beatriz: Eles ainda têm problema para me chamar de Beatriz e me dar beijo no rosto. Preferem apertar a minha mão e me chamar pelo que eu era. Não se tornaram pessoas agressivas, não me tratam de maneira diferente, nem pro bem e nem para o mal.

iG: Seus pais desconfiavam que você é trans?
Beatriz: Não. Eu não lembro de já ter falado alguma coisa para minha mãe que desse indícios, mas ela achou que eu era gay. Ela chegou a me perguntar diretamente e disse que, se eu fosse homossexual, ela não teria problema nenhum e me apoiaria. Eu disse que não era, porque eu gosto de mulher. E é verdade. Agora, eu sou uma mulher gay, mas não no sentido que ela estava pensando na época.

iG: Você percebe que mesmo os gays demoram a entender a sua orientação sexual?
Beatriz: Totalmente. Eu fiz uma conta no Leskut, o Orkut de lésbicas, e tudo bem. Disfarçava, não falava que sou trans. Daí uma menina perguntou, no chat geral, se eu era T. Todo mundo reagiu de maneira muito estranha. Algumas pessoas disseram que tudo bem, mas outras acharam engraçado, estranho. Eu já tinha perguntado em outro momento se elas sairiam com uma menina transexual e a reposta foi: “Não, eu não saio com homem”. As pessoas veem o que eu era antes e não o que sou agora.

iG: Você pensa em fazer cirurgia de mudança de sexo?
Beatriz: Eu quero tirar o pênis porque para mim ele não serve para nada (risos). É uma coisa muito inútil, de que não vou sentir absolutamente nenhuma falta. Mas algumas pessoas resolvem fazer cirurgia, outras não. Não é porque quer manter o pênis que ela vai deixar de ser, de pensar e de se vestir como mulher.

Quero tirar o pênis porque para mim ele não serve para nada. É uma coisa inútil, de que não vou sentir a menor falta. Algumas pessoas resolvem fazer a cirurgia e outras não. Não é porque vai manter o pênis que vai deixar de ser, de pensar e se vestir como mulher.

iG: No que o pênis te atrapalha?
Beatriz:  Estou há 9 meses sem manifestar nada. Tipo: “Por favor, saia daí, que eu preciso viver a minha vida sexual de uma maneira normal”. As pessoas que querem sair com trans que não é operada quase sempre é por causa da ideia da mulher com um pênis. Então é uma coisa fetichista.

iG: Você já teve algum relacionamento anterior?
Beatriz: Não. Já tive um rolo uma vez, quando ainda não tinha começado o meu tratamento, com uma travesti. Eu não tenho problema em sair com uma menina trans. Eu a vejo apenas como uma garota. Nem lembro o que aconteceu depois. Acho que não deu certo, né? (risos).

iG: Que outra mudança física você espera?
Beatriz: Estou procurando uma fonoaudióloga que me ajude na transição de voz porque eu quero poder cantar. Se for profissionalmente, melhor. É mais uma opção para mim como musicista. Não me identifico mais com o violão, que é o instrumento que eu toco. E o canto é super versátil, posso fazer qualquer tipo de música. Me interesso muito pela voz em geral, até porque ela está ligada com a minha transição.

iG: Você sonha em se casar?
Beatriz: Eu penso a respeito. Já pensei que teria filhos, queria poder engravidar, se fosse possível. Mas, por enquanto, é fora da realidade. Estão fazendo testes na Rússia de transplante de útero, mas não sei se é com transexuais ou apenas com mulheres. De qualquer forma, também penso em adotar.

iG: Você quer ser ativista?
Beatriz: Não tenho estilo de ativista. Se posso falar alguma coisa, falo. Acho legal poder dividir minha experiência, mas não sou o tipo de pessoa que vai em passeata, que milita mesmo. Me importo com a causa, me importo quando vejo um pastor Marco Feliciano lá na Comissão de Direitos Humanos. Tem coisas que me preocupam e algumas que não são tão relacionadas a mim. Por exemplo, em alguns movimentos transfeministas, enfatizam muito a quebra da separação de gêneros, o que eu acho muito positivo, mas não me encaixo nessa questão. Não me vejo como uma pessoa que está no meio dos dois sexos, me vejo como mulher mesmo.  Eu sou mulher e é isso aí.

Ainda não tenho RG com esse nome, mas consegui fazer o bilhete único como Bia e a minha foto. Fico mostrando para todo mundo.

iG: Como você escolheu o nome Beatriz?
Beatriz: O primeiro critério foi que eu não queria um nome que tivesse correspondente masculino. Não existe Beatriz masculino. Então sobraram algumas opções e eu escolhi o mais bonito. Eu ainda não tenho RG com esse nome, mas consegui fazer o bilhete único como Bia, com uma foto minha. Eu fico mostrando para todo mundo (risos).


Disponível em http://igay.ig.com.br/2013-03-28/beatriz-22-transexual-eu-gosto-e-sempre-gostei-de-meninas.html. Acesso em 14 out 2013.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Documentário conta drama de gêmeo criado como menina após perder pênis

BBC BRASIL
24/11/2010 - 07h59

Os gêmeos Bruce e Brian Reimer nasceram como meninos perfeitos, mas após sete meses, começaram a apresentar dificuldades para urinar.

Sob orientação médica, os pais, Janet e Ron, levaram os dois a um hospital para serem circuncidados.

Na manhã seguinte, eles receberam uma ligação telefônica devastadora -- Bruce tinha sido envolvido em um acidente.

Os médicos usaram uma agulha cauterizadora em vez de um bisturi. O equipamento elétrico apresentou problemas, e a elevação súbita da corrente elétrica queimou completamente o pênis de Bruce.

A operação de Brian foi cancelada, e o casal levou os gêmeos de volta para casa.

Psicólogo

Vários meses se passaram, e eles não tinham ideia do que fazer até que um dia encontraram um homem que mudaria suas vidas e as vidas de seus filhos para sempre.

John Money era um psicólogo especializado em mudança de sexo. Ele acreditava que não era tanto a biologia que determinava se somos homens ou mulheres, mas a maneira como somos criados.

"Estávamos assistindo a TV", lembra Janet. "O doutor Money estava lá, muito carismático, e parecia muito inteligente e muito confiante no que estava falando."

Janet escreveu para Money, e poucas semanas depois ela levou Bruce para vê-lo em Baltimore, nos Estados Unidos.

Para o psicólogo, o caso representava uma experiência ideal. Ali estava uma criança a qual ele acreditava que poderia ser criada como sendo do sexo oposto e que trazia até mesmo seu grupo de controle com ele -- um gêmeo idêntico.

Se funcionasse, a experiência daria uma evidência irrefutável de que a criação pode se sobrepor à biologia, e Money genuinamente acreditava que Bruce tinha uma chance melhor de levar uma vida feliz como mulher do que como um homem sem pênis.

Então, quando Bruce tinha 17 meses de idade, se transformou em Brenda. Quatro meses depois, no dia 3 de julho de 1967, o primeiro passo cirúrgico para a mudança foi tomado, com a castração.

Segredo

Money enfatizou que, se quisessem garantir que a mudança de sexo funcionasse, os pais nunca deveriam contar a Brenda ou ao seu irmão gêmeo que ela havia nascido como menino.

A partir de então, eles passaram a ter uma filha, e todos os anos eles visitavam Money para acompanhar o progresso dos gêmeos, no que se tornou conhecido como o "caso John/Joan". A identidade de Brenda foi mantida em segredo.

"A mãe afirmou que sua filha era muito mais arrumada do que seu irmão e, em contraste com ele, não gostava de ficar suja", registrou Money em uma das primeiras consultas.

Mas em contraste, ele também observou: "A menina tinha muitos traços de menina moleque, como uma energia física abundante, um alto nível de atividade, teimosia e era frequentemente a figura dominante num grupo de meninas".

Em 1975, as crianças tinham 9 anos, e Money publicou um artigo detalhando suas observações. A experiência, segundo ele, tinha sido um sucesso total.

"Ninguém mais sabe que ela é a criança cujo caso eles leram nos noticiários na época do acidente", afirmou.

"O comportamento dela é tão normalmente o de uma garotinha ativa e tão claramente diferente, por comparação, do comportamento de menino de seu irmão gêmeo, que não dá margem para as conjecturas de outros."

Suicida

No entanto, na época em que Brenda chegou à puberdade, aos 13 anos, ela sentia impulsos suicidas.

"Eu podia ver que Brenda não era feliz como menina", lembrou Janet. "Ela era muito rebelde. Ela era muito masculina e eu não conseguia convencê-la a fazer nada feminino. Brenda quase não tinha amigos enquanto crescia. Todos a ridicularizavam, a chamavam de mulher das cavernas. Ela era uma garota muito solitária."

Ao observar a tristeza da filha, os pais de Brenda pararam com as consultas com John Money. Logo depois, eles fizeram algo que Money tinha pedido para que não fizessem: contaram a ela que Brenda tinha nascido como um menino.

Semanas depois, Brenda escolheu se transformar em David. Ele passou por uma cirurgia de reconstrução do pênis e até se casou. Ele não podia ter filhos, mas adorou ser o padrasto dos três filhos de sua esposa.

Mas, o que David não sabia, era que seu caso tinha sido imortalizado como "John/Joan", em artigos médicos e acadêmicos a respeito de mudança de sexo e que o "sucesso" da teoria de Money estava afetando outros pacientes com problemas semelhantes aos deles.

"Ele não tinha como saber que seu caso tinha ido parar em uma ampla série de livros de teoria médica e psicológica e que estava estabelecendo os protocolos sobre como tratar hermafroditas e pessoas que tinham perdido o pênis", disse John Colapinto, um jornalista do "The New York Times", que descobriu a história de David.

"Ele mal conseguia acreditar que (sua história) estava sendo divulgada por aí como um caso bem sucedido e que estava afetando outras pessoas como ele."

Depressão

Quando passou dos 30 anos, David entrou em depressão. Ele perdeu o emprego e se separou da esposa.

Na primavera de 2002 seu irmão morreu devido a uma overdose de drogas.

Dois anos depois, no dia 4 de maio de 2004, quando David estava com 38 anos, os pais, Janet e Ron Reimer, receberam uma visita da polícia que os informou que seu filho tinha cometido suicídio.

"Eles pediram que nos sentássemos e falaram que tinham notícias ruins, que David estava morto. Eu apenas chorei", conta Janet.

Casos como o "John/Joan", quando ocorre um acidente, são muito raros. Mas decisões ainda estão sendo tomadas sobre como criar uma criança, como menino ou menina, se ela sofre do que atualmente é conhecido como Distúrbio do Desenvolvimento Sexual.

"Agora temos equipes multidisciplinares, que funcionam bem, em todo o país, então a decisão será tomada por uma ampla série de profissionais", explicou Polly Carmichael, do Hospital Great Ormond Street, de Londres.

"Os pais ficarão muito mais envolvidos em termos do processo da tomada de decisão", acrescentou.

Carmichael afirma que, segundo sua experiência, estas decisões tem sido mais bem sucedidas para ajudar as crianças a levar uma vida feliz quando crescerem.

"Fico constantemente surpresa como, com apoio, estas crianças são capazes de enfrentar e lidar (com o problema)", disse.


Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/bbc/835267-documentario-conta-drama-de-gemeo-criado-como-menina-apos-perder-penis.shtml>. Acesso em 24 nov 2010.

sábado, 28 de setembro de 2013

Câncer de pênis: mais de mil homens têm pênis amputados por ano; saiba como se prevenir de doenças

Genilson Coutinho
23 de setembro de 2013

 

Todos os anos, cerca de mil brasileiros são submetidos a amputação do pênis. De acordo com dados do Sistema Único de Saúde, a mutilação é causada pela falta de cuidados que faz com o que o Brasil ocupe um dos primeiros lugares em câncer de pênis no mundo, perdendo para a Índia e alguns países do continente africano.

Para tentar mudar esse quadro e chamar atenção da população para medidas simples que podem evitar a amputação e o câncer, como a limpeza com água e sabão, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em parceria com o Instituto Lado a Lado pela Vida, realizará, de 26 a 29 de setembro, a Campanha Nacional chamada Câncer de Pênis Zero.

A quarta edição da iniciativa conta com textos explicativos no portal da SBU (www.sbu.org.br), posts de orientação no Facebook (www.facebook.com/SociedadeBrasileiraUrologia) e ações de atendimento ao público em cidades do Norte e Nordeste, regiões de maior incidência do problema. A campanha tem como padrinho o ex-jogador de futebol Zico,  atual técnico do Al-Gharafa (Qatar).

Campanha

De acordo com o urologista e coordenador da campanha na Bahia, Marcelo Brandão, o câncer de pênis é uma doença social e está basicamente ligada às condições de saúde e higiene.

“Com água e sabão e os cuidados de limpeza na glande (também conhecida como cabeça do pênis) e no prepúcio (que é a pele que recobre o pênis), o câncer e as amputações poderiam ser evitados”, completa o médico, ressaltando que, entre os circuncidados, como é o caso dos judeus nascidos em Israel, as taxas da doença chegam a quase zero.

“Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia no Maranhão, por exemplo, mostrou que, de cada 100 pacientes operados de fimose, 30% tinham câncer de pênis nos estágios iniciais”, completa o médico, ressaltando que, no estado, a campanha vai se concentrar na sensibilização dos profissionais que atuam nos postos de saúde e no Programa de Saúde da Família para alertar a população sobre os cuidados.

“Em cidades do interior como Maragogipe, Cachoeira e São Felix já existe um trabalho constante de sensibilização da população, realizado ao longo de 15 anos. Na capital, estamos fechando uma parceria com o Hospital Aristides Maltez”, completa.

Parceiros

A falta de higiene e limpeza não afeta apenas a saúde de quem descuida da saúde íntima, as lesões no pênis também facilitam o desenvolvimento de doença nos parceiros, facilitando, inclusive, a transmissão do papiloma vírus humano (HPV), principal responsável pelos cânceres de colo de útero, vagina, ânus, pênis e orofaringe (boca e garganta).

Nos últimos dez anos, inclusive, o câncer de orofaringe causado pelo HPV superou aqueles causados pelo tabagismo e pelo álcool, entre os menores de 50 anos.

“Infelizmente, na maioria dos casos, os homens não apresentam sintomas, por isso mesmo, não sabem que estão servindo como vetores de disseminação e contágio”, esclarece o diretor médico do Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana (Ceparh) e ginecologista, Jorge Valente.

O cirurgião de boca e pescoço Ivan Agra lembra que os cânceres de orofaringe são mais comuns no público masculino. “Para cada mulher com a doença, existe cerca de quatro homens com o mesmo problema”, salienta o especialista, lembrando que, apesar da resistência cultural, é fundamental não abrir mão do preservativo, mesmo durante as preliminares.

No caso do sexo oral, a dica dos especialistas é apostar nos produtos com sabor, que poderiam ser usados como aliados para assegurar que prazer e segurança andem sempre muito próximos.

Sexo

Para assegurar a saúde da boca e garantir o tratamento rápido, Ivan Agra defende que as pessoas realizem periodicamente o autoexame da boca, verificando qualquer lesão na área.

“Feridinhas que não cicatrizam, dor para engolir que ultrapassa o período de três semanas merecem atenção especial e, nesses casos, o indivíduo deve procurar um médico o mais rápido possível”, pontua.

Marcelo Brandão ressalta que o câncer de pênis é tratável em suas fases iniciais. “Além da higiene diária, feita sempre após as relações sexuais e a masturbação, é importante que os homens estejam atentos para qualquer perda de sensibilidade, coceira, lesões esbranquiçadas e aumento de gânglios (ínguas)”, explica o médico, salientando que o câncer de pênis tem um impacto muito significativo na vida das famílias.

“Vivemos um modelo patriarcal na sociedade e, geralmente, quando o câncer gera a amputação parcial ou total, esse homem tende a desenvolver outras doenças, como o alcoolismo e a depressão”, complementa o urologista.

Ele lembra que, mesmo quando a amputação é parcial, o aspecto psicológico das relações sexuais termina sendo comprometido. “Geralmente esse homem não consegue executar a penetração e nem atingir o orgasmo”, esclarece o médico, ressaltando que  é retirado cerca de 2 centímetros do pênis.

O médico chama a atenção que, no caso das relações homem e mulher, é necessário um mínimo de seis a sete centímetros para proporcionar o prazer da parceira.

Para Marcelo Brandão, a informação e a educação desde a infância poderiam mudar o quadro atual. “A prevenção será sempre melhor que o tratamento”, finaliza Brandão.

Disponível em http://www.doistercos.com.br/cancer-de-penis-mais-de-mil-homens-tem-penis-amputados-por-ano-saiba-como-se-prevenir-de-doencas/. Acesso em 24 set 2013.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Festival de culto ao pênis atrai multidão no Japão

Ewerthon Tobace
2 de abril, 2012

Festival do Falo de Aço atrai muitos turistas atrás de fotos inusitadas e boas risadas. O Kanamara Matsuri, ou Festival do Falo de Aço, atrai tudo que é tipo de público - desde pessoas que acreditam no culto ao órgão, que é reverenciado como se fosse algo divino, a turistas e curiosos, que querem tirar fotos inusitadas e rir um pouco.

No ponto alto da festa, duas esculturas de pênis gigantes saem pelas ruas. Alguns dos homens que carregam o chamado mikoshi, ou espécie de templo portátil, se vestem com roupas de mulher. A tradição indica que esse ritual aumenta a fertilidade dos envolvidos.

O festival é realizado há quatro décadas. Em um país com um índice relativamente baixo de natalidade, a festa acaba se tornando um incentivo aos casais.


Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2012/04/120401_festival_penis_et.shtml. Acesso em 22 jun 2013.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Pênis pequeno não é motivo para anular casamento

Vitor Guglinskin; Larissa Affonso Mayer
Revista Consultor Jurídico, 2 de julho de 2012


Resumo: Mulher pede indenização na justiça por ter casado com homem de pênis pequeno - KDB, 26 anos, advogada e residente no município de Porto Grande no Amapá decidiu processar seu ex-marido por uma questão até então inusitada na jurisprudência nacional. Ela processa ACD, comerciante de 53 anos, por insignificância peniana. Embora seja inédito no Brasil os processos por insignificância peniana são bastante frequentes nos Estados Unidos e Canadá. Esta moléstia é caracterizada por pênis que em estado de ereção não atingem oito centímetros. A literatura médica afirma que esta reduzida envergadura inibe drasticamente a libido feminina interferindo de forma impactante na construção do desejo sexual. O casal viveu por dois anos uma relação de namoro e noivado e durante este tempo não desenvolveu relacionamento sexual de nenhuma espécie em função da convicção religiosa de ACD. KDB hoje o acusa de ter usado a motivação religiosa para esconder seu problema crônico. Em depoimento a imprensa a denunciante disse que “se eu tivesse visto antes o tamanho do ‘problema’ eu jamais teria me casado com um impotente”. A legislação brasileira considera erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge quando existe a “ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave”. E justamente partindo desta premissa que a advogada pleiteia agora a anulação do casamento e uma indenização de R$ 200 mil pelos dois anos de namoro e 11 meses de casamento.