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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Travestis envelhecem?

Pedro Paulo Sammarco Antunes
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP
Mestrado em Gerontologia
São Paulo, 2010

Resumo: O presente estudo tem o objetivo de conhecer o período do processo de vida, chamado de velhice e envelhecimento daquelas que foram designadas como travestis. Essas denominações foram construídas para organizar o funcionamento social. As ciências biomédicas foram importantes na categorização dessas pessoas. Apropriaram-se dos corpos humanos e determinaram o que é considerado normal, portanto desejável e o que é considerado anormal, logo patológico e indesejável. A intenção é compreender o impacto que tais diagnósticos terão sobre aqueles que são reconhecidos como anormais em relação ao que foi denominado de gênero sexual. Devido ao número quase inexistente de pesquisas sobre envelhecimento e velhice de travestis, fez-se necessário esse estudo, que não pretende esgotar o tema, mas sim iniciar uma importante discussão. Os aspectos de gênero, bem como os de velhice foram relacionados. Percebeu-se que tanto o gênero como a velhice são compostos por atos, que constantemente reiterados, dão a impressão que há uma essência natural de gênero e velhice, inerentes a todos os corpos, manifestando-se ao longo da vida. Foram realizadas três entrevistas abertas com o foco em histórias de vida. Por serem consideradas, desviantes e anormais, travestis já são vistas como não humanas desde tenra idade. Atravessam a vida como invisíveis e sob muito preconceito. Por causa disso, improvisam suas existências em contextos violentos. Suas expectativas de vida são baixas. As que vivem até a chamada velhice, podem ser consideradas verdadeiras sobreviventes. Acabam servindo de referência e exemplo para as mais jovens. O objetivo principal da pesquisa resultou no levantamento de demandas e necessidades em relação às travestis. Percebe-se que precisam urgentemente de políticas públicas que as reconheçam como humanas desde sempre. Dessa forma chegarão à velhice com dignidade e respeito, já assegurados pelos Direitos Humanos Universais.